Especialista em imigração explica diferenças e dificuldades no cotidiano americano
Segundo o Itamaraty, existem cerca de 1.9 milhões de brasileiros morando nos Estados Unidos.
Seja por quem está em busca de uma melhor situação financeira, segurança ou um futuro melhor para os filhos, nenhum outro país atrai tanto imigrantes do Brasil quanto a América, e a tendência é que esta população aumente ainda mais nos próximos anos.
Existem, entretanto, muitos desafios que pouca gente leva em conta na hora de decidir começar uma nova vida nos Estados Unidos. O advogado de imigração Marcelo Gondim, que já auxiliou milhares de brasileiros em seus processos de vistos americanos e green cards, dá alguns exemplos de situações inesperadas do dia-a-dia que podem fazer a diferença no seu processo de planejamento e de adaptação nos EUA. Confira!
Fluência no idioma é fundamental! – “Por mais incrível que pareça, muitos brasileiros que já moram há anos nos EUA nunca se preocuparam em aprender inglês. Este é um erro grave, já que ao não saberem se comunicar bem no idioma local, perdem muitas oportunidades de melhores empregos. Especialmente para as novas gerações de imigrantes, em um mundo cada vez mais globalizado, falar inglês é essencial para alcançar um futuro profissional mais valorizado e também para interagir plenamente na sociedade americana.
Diga adeus as leis trabalhistas que você conhece – “Pouquíssimas férias, quase nenhum feriado, meia-hora de almoço para comer um sanduíche e voltar para o trabalho, ser acionado pelo seu chefe antes ou depois do horário comercial sem receber nenhuma hora extra, empresas que não oferecem nenhum tipo de benefício além do salário, etc. Pra muita gente, esta é a realidade do mercado de trabalho nos EUA. Evidentemente, existem compensações, como altos salários e muitas oportunidades de emprego, mas o imigrante brasileiro deve se preparar para “desapegar” da proteção trabalhista que está acostumado com a CLT”.
Conheça o sistema americano de crédito – “Não basta ter dinheiro guardado. Quando um imigrante chega aos EUA é preciso compreender como funciona o sistema de crédito (Score) do país. Basicamente, você pode se mudar e abrir no mesmo dia uma conta no banco de forma bem simples, mas leva tempo até que você ganhe a confiança do sistema financeiro. O Score é uma pontuação, que vai crescendo a medida que você vai criando laços com os EUA, como alugar um apartamento, comprar um veículo, pagar suas contas em dia, etc. Da mesma forma, essa pontuação pode baixar, caso não consiga honrar seus compromissos, peça algum empréstimo, etc. Manter um bom score é muito importante para fazer praticamente qualquer coisa nos Estados Unidos.
Esqueça o “jeitinho” brasileiro” – “Os EUA são uma sociedade organizada, com leis bem claras e punições exemplares pra quem tentar burlar o sistema. O famoso “jeitinho” não tem vez no país, e isso se percebe no cotidiano, em todos os círculos sociais. Esqueça a gambiarras como “furar a fila” ou “sonegar impostos” e siga as regras.”
Sistema de saúde problemático “Provavelmente a pior parte de morar nos EUA é encarar o sistema de saúde americano. O atendimento público é ineficiente e limitado, o que torna praticamente impossível viver no país sem ter pagar um seguro médico particular. Mesmo assim, a maioria esmagadora dos seguros não cobrem todos os gastos, e não é anormal ter que desembolsar algumas centenas (ou até milhares) de dólares para fazer consultas e tratamentos simples com médicos e dentistas”.
Dificuldades com o clima: “Muita gente acha que essa parte é fácil, mas morar em um lugar com um clima muito diferente do que você está acostumado continua sendo um dos principais fatores que levam um imigrante a desistir e voltar pro seu país de origem. Não por coincidência, a maioria dos imigrantes brasileiros buscam a Flórida e a Califórnia, que possuem temperaturas mais próximas as do Brasil. Só que o problema não apenas fugir do frio, mas também se preparar para desastre naturais como furacões, terremotos e nevascas, que não temos no Brasil”
Não fique ilegal, em nenhuma hipótese: “Regularizar sua situação imigratória é o melhor ponto de início para um futuro bem-sucedido nos Estados Unidos. Lembre-se que sem estar devidamente documentado a pessoa irá permanentemente viver nas sombras, sem direitos e com o constante medo de ser preso ou deportado. Existem muitas oportunidades de se legalizar perante as autoridades americanas e obter um green card. Então a dica é fugir dos maus conselhos e buscar uma via imigratória legal nos EUA.
Sobre o especialista: Marcelo Gondim
Marcelo Gondim é advogado especializado em imigração para os Estados Unidos, com mais de 20 anos de experiência em processos de green card e vistos americanos. Ele é licenciado pelo Estado da Califórnia. Marcelo nasceu no Brasil, mas também possui cidadania americana. Ele é o fundador e principal advogado da Gondim Law Corp, um dos mais importantes escritórios de advocacia imigratória dos EUA.