Novas leis da Flórida podem dificultar ainda mais a vida de imigrantes indocumentados
De acordo com a Polícia Federal, 2022, foi o ano com o maior número de brasileiros deportados dos Estados Unidos, com 4.516 pessoas trazidas de volta ao Brasil em 42 voos que aterrissaram no Aeroporto de Confins, em Minas Gerais. No total, desde 2019, mais de 9 mil brasileiros já foram deportados.
E ao que tudo indica, 2023 pode superar esta marca, já que as autoridades americanas de imigração vêm agilizando processos de deportação de imigrantes indocumentados do país, em função do colapso na fronteira com o México, que gerou uma superlotação dos centros de detenção do Departamento de Proteção as Fronteiras do país, e muitas destas pessoas, são provenientes do Brasil.
Especialmente para o brasileiro que se encontra em situação irregular na Flórida, a vida promete ficar ainda mais difícil, já que o Governador Ron DeSantis anunciou uma nova lei que restringe diversos direitos a imigrantes indocumentados no Estado. A legislação, prevista para entrar em vigor a partir de 1 de julho, proíbe o acesso ao sistema de educação, invalida carteiras de motorista ou de identidade para indocumentados e exige que os hospitais coletem dados sobre o status imigratório de pacientes que necessitarem de assistência médica.
“A Flórida é, tradicionalmente, um Estado em que imigrantes indocumentados são marginalizados, mas nunca houve um projeto de lei tão duro quanto este. Esta lei irá prejudicar não somente pessoas em situação imigratória irregular, mas também o próprio mercado de trabalho da Flórida. Várias indústrias vitais na região dependem da mão-de-obra de imigrantes indocumentados, principalmente nas áreas de construção, limpeza e comércio. – Alerta Marcelo Gondim, advogado de Imigração em Los Angeles.
Todos os meses, cerca de 200 mil estrangeiros tentam entrar ilegalmente nos EUA, o que já totalizou quase 4 milhões de detenções, com mais de 300 mil pessoas deportadas para seus países de origem ou removidas para o México, naquela que é considerada a maior crise humanitária da história dos EUA.
“A crise na fronteira também é política, e vem sendo refletida na dificuldade da atual administração em aprovar leis pró-imigração. Por um lado, democratas acreditam que regras mais brandas devam ser aplicadas para os imigrantes, por outro, republicanos acreditam que medidas mais duras precisam ser implementadas. Enquanto isso, a situação na fronteira vai se agravando” – analisou Gondim
Ao mesmo tempo em que a Imigração americana deporta cada vez mais brasileiros, a Polícia Federal do Brasil tem intensificado o combate a grupos que promovem esquemas de imigração ilegal, prendendo diversos suspeitos em maio deste ano. Estes grupos prometem transporte e acompanhamento de atravessadores (coiotes) para cruzar o deserto do México rumo aos EUA, e chegam a cobrar mais de 30 mil dólares por este “serviço”
“Muitos brasileiros buscam entrar nos EUA através do chamado Cai-Cai, que consiste em fazer a travessia pelo México e se entregar voluntariamente para as autoridades americanas, ao mesmo tempo em que solicita um processo de asilo no país. Trata-se de uma prática muito arriscada, seja pelas dificuldades do deserto, possibilidade de ser enganado pelo coiote ou pelas punições que a pessoa pode sofrer, como prisão e deportação. Infelizmente, existem muitos grupos no WhatsApp e nas redes sociais que espalham fake news e incentivam a prática ilegal do Cai-Cai” – Declarou Gondim, que há mais de 20 anos trabalha com Imigração nos EUA, e já defendeu centenas de brasileiros em processos contra deportação do país.
Sobre o especialista: Marcelo Gondim
Marcelo Gondim é advogado especializado em imigração para os EUA, com mais de 20 anos de experiência em processos de green card e vistos americanos. Ele é licenciado pelo Estado da Califórnia. Marcelo nasceu no Brasil e também possui cidadania americana. Ele é o fundador e principal advogado da Gondim Law Corp, escritório de advocacia imigratória situado em Los Angeles, Califórnia.